sábado, 14 de agosto de 2010

Em seu princípio, haviam névoas deveras densas em sua aura, mescladas em uma penumbra instransponível, incompreensível até para os deuses. Desta forma, o destino desse homem permaneceu enigmático, não podendo ser profetizado pelos sábios, como era de costume se fazer com cada nato. Cresceu com um olhar de mistério, inspirando receios. Cresceu desconhecido, rodeado de mitos.
Era indubitavelmente persuasor, irresistível e, por isso, os que dele se aproximavam, o faziam com cautela e desconfiança, temerosos de serem instigados e dominados. Entretanto, toda prudência de que se faziam valer, era em vão.
Os que o conheciam tinham apenas uma pequena ideia da extensão de seu poder. Nem ele próprio sabia ainda, quem era e do que poderia ser capaz.
Quando criança, absorvia conhecimentos de forma singularmente rápida. Conforme o passar do tempo, foi tornando-se adulto digno, e o conceito de ‘nocivo’ que lhe era atribuído, enfraqueceu e foi esquecido, embora ainda inspirasse cuidados e temores, pois não deixara de ser sibilino.
Carregava dentro de si a contradição, fazendo cair aqueles que eram julgados infalíveis. Mais e mais, passou a ser requisitado para encontrar soluções de problemas impossíveis, ofício no qual jamais fracassava.
Os deuses, em Nede, questionavam-se sobre como deveriam agir, sobre ele. Obviamente, era um humano, e fora criado por eles, sendo assim sua magnitude os enaltecia: embora não compreendessem como, haviam criado um humano tão poderoso quanto um semi-deus.
Eles sabiam, porém, que uma criatura forte assim, poderia tentar ameaçá-los. Sabiam que era apenas uma questão de tempo para que o homem começasse a se conhecer e a revelar suas capacidades. Finalmente, embora considerada desprezível e inofensiva, como a de qualquer outro ser humano, sua existência, sem qualquer explicação pelos deuses aceitada, passou a incomodá-los.

Nenhum comentário:

Postar um comentário